Padre Valeriano


O padre Valeriano, viveu como eremita na Comunidade Sol de DEUS durante 12 anos.

Transcrevemos aqui, o testemunho que ele deu de sua vida aos seminaristas de Filosofia e Teologia do Seminário Arquidiocesano de Pouso Alegre, por ocasião da homenagem que lhe fizeram pelos 25 anos de sacerdócio, em maio de 2009.
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“Pai, mãe e irmãos, hoje todos falecidos. De 1946 a 1954 fui irmão franciscano na Ordem dos Frades Menores. De 1954 a meados de 1957 fiz um estágio na Fraternidade dos “Petits Frère de Jesus du Père de Foucauld”. Voltando ao Brasil, permaneci como leigo de meados de 1957 a 1959, e em 1960 casei-me com Maria José Freire. Assim, antes do ingresso no Seminário, fui casado e tive dois filhos e três netos. 

Possuía uma chácara em Taubaté, que foi transformada em Casa de Retiros e, a partir de 1975, tornou-se a sede da Renovação Carismática de Taubaté. Em 1978, minha esposa faleceu. Em 1980, vendi a Chácara para a Diocese de Campanha. 


Cursei Teologia de 1982 a 1984. Fui ordenado sacerdote em 12 de dezembro de 1984, pelo saudoso Arcebispo de Pouso Alegre Dom José D’Angelo Neto; tendo como Lema: CONHECER E AMAR JESUS PARA FAZÊ-LO CONHECIDO E AMADO.


Fui em seguida, designado com pároco de Itapeva, onde exerci o ministério até 1991. Transferido para São Sebastião da Bela Vista - ficando ali como pároco até 1994.  De 1995 e 1996, fiquei com minha mãe, no Asilo de Santa Rita do Sapucaí, pois ela, que vivia comigo, estava muito doente. Ali ela faleceu.  No període de 1996 a 1998 morei na Comunidade Canção Nova.


O meu grande sonho, desde a minha experiência como frade franciscano, era ser um eremita, e isto se tornou realidade em 1998, na "Comunidade Sol de Deus". Aqui estou muito feliz, nesta santa Comunidade, lavando os pés de meus queridos irmãos que me tratam com um exagerado e imerecido carinho.


A vida em si já é um perpétuo desafio. Durante esses 25 anos, obtive muitas vitórias, dais quais não me glorio porque foram vitórias do Senhor, tendo eu sido apenas um simples instrumento. Mais obediente e maleável eu fosse, muito mais vitórias teria obtido. Se quisesse gloriar-me teria de ser por minhas inúmeras fraquezas e derrotas que na verdade fizeram brilhar a misericórdia do Senhor para comigo, pobre pecador.


Como fui franciscano durante 9 anos, imbuiu-me profundamente do espírito do “Poverello de Assis”. Ao ouvir as mensagens e testemunhos do Padre Roberto Lettieri, quando ele nem era ainda padre, nos idos de 1997, reinflamou em mim o desejo de voltar às fontes de minha vocação primitiva. Confidenciei isso com ele e, no início de 2007, já com 83 anos, e no mês de junho desse mesmo ano, na Festa da Santíssima Trindade, ele veio de Campinas para me acolher na Toca. A celebração realizou-se na Capela São Miguel de nossa Comunidade, e recebi o nome religioso de "Irmão Junípero da Santíssima Trindade".


Aos queridos seminaristas, a minha mensagem é que sejam radicais na busca da santidade porque a vossa missão no futuro é justamente despertar nas almas esse mesmo ideal de santidade, o que não é u simples conselho, mas uma ordem do Senhor: “Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,49) e “Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Lev 19,2).


E a História de sua vida, escrita por ele mesmo em outra ocasião:

Transcrevemos aqui, trechos de dois testemunhos que o padre Valeriano deu de sua vida, em duas ocasiões, nos anos de 1994 e 2009:

“Nasci em 22 de setembro de 1924. Meu chamado para a vida religiosa aconteceu em 1946. Saí de Tarumirim em busca de uma vida melhor. Na verdade, fugi, pois havia dito aos meus pais que iria passear em Belo Horizonte, mas tinha a intenção de não mais voltar. Arranjei um emprego em Itabira; dali, fui para o Espírito Santo, de onde consegui transferência para o Rio de Janeiro. Eu era muito ambicioso, queria ficar rico. Tudo ia caminhando segundo os meus planos. Estava também fazendo um curso para o Conselho Federal de Comércio Exterior. Já estava para ser admitido, quando, certa manhã, passando pelo Largo da Carioca, olhei curioso para o Convento dos Franciscanos no alto do morro e me questionei: "O que fará aquela gente ali?”.


Até então, eu ía apenas à Missa dominical, por obrigação. Mas fui tão bem acolhido, que em pouco tempo já participava da Ordem Terceira de São Francisco e fazia a minha confissão geral. Começou meu processo de conversão. Abandonei o emprego, meus projetos e me tornei Franciscano. Mas eu era muito radical, queria viver como os franciscanos do tempo de São Francisco. Soube, então, de uma Comunidade na França, que vivia quase que literalmente  esse ideal. Poucos meses depois, lá estava eu, na "Fraternité des Petits Frères de Jésus du Père De Foucauld"; mas não consegui visto de permanência e voltei para o Brasil. Meu diretor espiritual, Frei João José Pedreira de Castro, grande biblista, convidou-me para fundar com ele o Centro Bíblico Católico, e trabalhamos juntos pela tradução e lançamento da Bíblia da Editora Ave-Maria. Nessa época, traduzi também, mais de 20 livros para a Editora Flamboyant.


Em dezembro de 1958, fui para Taubaté, para tentar novamente a vida religiosa, desta vez com os Capuchinhos. Mas ali me esperava o Senhor com uma "capuchinha" leiga, feita sob medida para mim, e acabei me tornando um "capuchinho de uma capuchinha só", pois o Senhor "teceu os pauzinhos" e em 1960, acabou acontecendo o que não estava nos meus planos: o casamento.


Ela se chamava Maria José. Era muito santa e linda de viver. Foi um acontecimento muito feliz na minha vida, porque depois de tantas andanças, consegui me fixar e me tornar mais responsável. Ela deu novo impulso ao meu processo de conversão. Tivemos uma filha e adotamos outro.


Em 1965, compramos uma chácara e a transformamos numa Casa de Retiros. Tivemos ali muitas experiências de oração e alguns aprofundamentos, mas o Senhor levou minha santa esposa para o Céu em 1978. Agora, viúvo, o que fazer?


Depois de muita oração decidi buscar o sacerdócio. Fui aceito por Dom José d’Angelo Neto, Arcebispo de Pouso Alegre. Ordenado Sacerdote em 1984, fui Pároco de Itapeva, depois fui transferido para São Sebastião da Bela Vista, e dali para Santa Rita do Sapucaí, onde morei num Asilo, acompanhando minha mãe que estava muito velhinha.


Em 1995, tendo falecido minha mãe, pedi ao meu amigo Padre Jonas para fazer uma experiência na Canção Nova.


Meu grande sonho, desde a minha experiência como franciscano, era tornar-me eremita. E em 1998 esse sonho acabou se tornando realidade na Comunidade Sol de DEUS. Mas como fui franciscano por 9 anos, imbuiu-me profundamente o espírito do “Pobrezinho de Assis” e, ao ouvir as mensagens e testemunhos do Pe. Roberto, reinflamou em mim o desejo de voltar às fontes de minha vocação primitiva. Confidenciei isso a ele e, em 2007, já com 83 anos, ele veio de Campinas para me acolher na Toca de Assis, na capela de São Miguel em nossa Comunidade Sol de DEUS, quando recebi o nome religioso de Irmão Junípero da Santíssima Trindade.
E aqui estou como eremita e franciscano, muito feliz, nesta santa Comunidade, lavando os pés de meus queridos irmãos que me tratam com um exagerado e imerecido carinho”.